No último mês, foi realizado em Istambul, na Turquia, o Fórum Mundial da Água. Entre os tantos monumentos que contam a história das civilizações que ergueram Istambul, um está escondido sob a terra. É uma catedral, sustentada por centenas de colunas. Construída não para adoração, mas para fins mais práticos. É uma cisterna, que no período romano estocava 100 milhões de litros de água. As cisternas estão aqui desde o século 5, são 1.500 anos como prova de que uma das primeiras grandes descobertas da humanidade foi a relação entre água limpa e civilização. Água e desenvolvimento. Mesmo assim, chegamos ao terceiro milênio com um em cada três humanos sem acesso à água limpa, algo em torno de dois bilhões de pessoas ao redor do planeta. Especialistas que se reuniram em Istambul alertam, diante de 20 mil autoridades e especialistas em água, que, até 2030, a falta de água deve atingir quase metade da população. Uma das principais causas é o crescimento populacional, pois nasce um bilhão de pessoas a mais a cada dez anos. A maioria nasce nos países mais pobres, mais secos, e com menor acesso a água. A diarréia, provocada pela água contaminada, mata cinco mil crianças com menos de 5 anos a cada dia. Planejar o abastecimento nas grandes cidades tem hoje uma dificuldade que os romanos não encontraram, quando ergueram os aquedutos de Istambul. A agricultura é responsável por 90% da água que consumimos. “Se diminuirmos 10% do consumo da água na agricultura, vai sobrar água para todo o resto”, diz o coordenador do relatório das Nações Unidas sobre a água. A água, tão essencial à vida, ainda não é reconhecida como um bem comum, como o ar que respiramos. Nas cisternas ainda cheias de mitologia, uma superstição comum ligada às fontes. Um desejo por uma moeda: que a água não nos falte. Fonte: Fantástico, Rede Globo, 22/03/09.
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